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Entre pavões que levitam sobre os amplificadores e as frequentes chuvas de palha advindas da quinta vizinha, os Uaninauei vão escrevendo canções.
Todos passaram por inúmeras bandas, com milhares de quilómetros na estrada do super-underground musical português, e é já perto dos trintas, a idade em que a maioria decide pendurar as guitarras nas paredes, passando estas de instrumentos músicais a mobília, estes 5 rapazes decidem formar uma banda. Decidem também dar-lhe um nome difícil – Uaninauei.
O mito conta que o nome aparece numa piada interna que todos já tinham tocado em bandas com refrões que diziam “running away”, o que misturado com a má pronúncia e o péssimo inglês da escrita,soava a “uaninauei”, numa espécie de leitura fonética simplificada.
As pessoas, quando envelhecem, tendem a deixar de acreditar que é importante o que têm a dizer. Mas não se deve abdicar da liberdade de expressão por motivo algum. É nessa liberdade que os Uaninauei trabalham. Todos trazem ideias, todos indicam direcções de escrita, todos carregam colunas e amplificadores, e todos têm o mesmo direito de palavra e melodia.
Como uma mini-anarquia posta em prática, onde não há uma rejeição de leis, há sim uma ausência delas. Seguindo o instinto e o gosto de cada, fazem-se canções como Betoneira (a primeira) e Cantiga de um Ladrão (a última a ser escrita para o álbum), onde se percebe um confronto permanente com os excessos da modernidade, o ter virtual de mãos vazias, e a abstracção das gerações em que os 5 Uaninauei cresceram perante a vida em sociedade.
Mas aparte todos estes devaneios, Lume de Chão é um álbum que soa coeso mas com alguma loucura, um rock musculado com palavras inconvientes e melodias que não soam indiferentes. De Chamas em Mim (o single de apresentação deste trabalho de estreia) a Cantiga do Ladrão (que será o segundo single), de Circos a Arder a Balada do Cavalo (com o seu surpreendente coro alentejano), os Uaninauei apostam em várias frontes com alguma ambição de chegar ao rock progressivo mas sem perder o formato canção.
É um álbum de estrada, de abanar a cabeça e tentar pensar ao mesmo tempo, de desafio e conforto melódico. Mas tenho a certeza que a sua audição continuada será muito mais clara que este texto.
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